O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 41 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
Filtro:

Mudanças climáticas

Investigado por: 2024-05-17

Sete deputados do RS foram contra anistia, mas votaram a favor de suspensão de dívida

  • Contextualizando
Contextualizando
O Congresso Nacional aprovou e o governo federal já sancionou a lei que suspende por três anos a dívida do Rio Grande do Sul e de municípios do estado com a União. Durante a tramitação da matéria, foram apresentadas emendas ao projeto de lei na tentativa de anistiar os entes em relação às dívidas, mas as sugestões foram rejeitadas, inclusive com votos de parlamentares gaúchos. Por outro lado, todos os deputados federais do Rio Grande do Sul foram favoráveis à suspensão da dívida por três anos.

Conteúdo analisado: Postagem do deputado federal Maurício Marcon (Podemos-RS) acusa parlamentares do Rio Grande do Sul de votarem “contra o seu próprio povo” por terem se posicionado contra a anistia de parcelas de dívidas do Estado e dos municípios gaúchos com a União por três anos.

Onde foi publicado: X.

Contextualizando: Uma publicação do deputado federal do Rio Grande do Sul Maurício Marcon (Podemos-RS) apresenta a lista de parlamentares que votaram contra o perdão de dívidas do estado em meio à tragédia provocada pelas enchentes. Sete deputados federais gaúchos foram, como ele escreve, contrários à anistia da dívida (perdão definitivo), mas votaram a favor da suspensão do pagamento das parcelas por três anos, conforme constava no texto original enviado pelo governo federal. Diante das dúvidas que o post gerou, o Comprova traz mais detalhes sobre o caso.

A Câmara dos Deputados aprovou, em 15 de maio, o projeto de lei do Executivo que suspendeu por três anos os pagamentos de 36 parcelas mensais da dívida do Rio Grande do Sul com a União, para que o recurso seja aplicado no enfrentamento aos estragos provocados pelas fortes chuvas das últimas semanas. A matéria foi aprovada com 404 votos favoráveis e apenas dois contrários. Todos os deputados federais do Rio Grande do Sul se posicionaram a favor da proposta.

Durante a tramitação da matéria, o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) apresentou duas emendas ao projeto: Emenda 3 (que pedia anistia das parcelas das dívidas do estado e seus municípios com a União por 36 meses) e Emenda 4 (pedido de anistia de toda a dívida do RS e seus municípios com União).

Ambas as emendas foram rejeitadas no Plenário da Câmara. A Emenda 3 teve 226 votos “não” e 215 “sim”. Já a Emenda 4, 223 votos “não” e 184 votos “sim”.

A postagem do deputado Mauricio Marcon se refere à Emenda 3. Ele escreve: “Deputados do RS acabaram de ajudar a derrubar uma emenda que ANISTIAVA as parcelas da dívida do RS nós próximos 36 meses, ou seja, mesmo com o estado DESTRUÍDO votaram CONTRA seu próprio povo”. Em seguida, lista os deputados: “São eles: Afonso Motta (PDT), Bohn Gass (PT), Denise Pessôa (PT), Lindenmeyer (PT), Marcon (PT), Maria do Rosário (PT), Reginete Bispo (PT)”.

De fato, os deputados gaúchos citados votaram contra a Emenda 3, como mostra a votação nominal disponível no site da Câmara dos Deputados.

Justificativa de rejeição da Emenda

Relator do Projeto de Lei na Câmara, o deputado Afonso Motta (PDT-RS) deu parecer rejeitando a Emenda 3, assim como todas as outras apresentadas, devido ao “desatendimento dos pressupostos financeiros e orçamentários”. Em seguida, foi aprovado recurso de Van Hattem contra a inadmissibilidade das emendas. Com isso, as emendas voltaram a ser avaliadas pelos deputados.

No momento da reavaliação da Emenda 3, tema do tuíte do deputado Marcon, analisado neste ‘Contextualizando’, a orientação do governo foi “não” à proposta. Integrante da bancada do governo, a federação PT-PCdoB-PV justificou o “não” em fala do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ). Segundo ele, a emenda não acrescentaria valor no caixa do Rio Grande do Sul nos próximos anos além do previsto no texto original do PL.

“Para mim esse destaque é quase uma fake news. As pessoas dizendo ‘eu quero ajudar mais o Rio Grande do Sul’. O impacto esse ano, no próximo ano e no outro, vai ser zero. Vai entrar um centavo em algum município do Rio Grande do Sul se este destaque for aprovado? Não. O impacto vai ser em 40, 50 anos, vai ser para o estoque da dívida”, disse o deputado durante a votação.

Aprovação no Senado

Depois de passar pela Câmara, o projeto foi aprovado no Senado por unanimidade. Na Casa, também houve tentativa de anistiar o Rio Grande do Sul das dívidas, por meio de emenda apresentada pelo Partido Liberal (PL). No entanto, a sugestão também foi rejeitada. A lei foi sancionada pelo presidente Lula (PT) nesta sexta-feira (17).

Apesar de ter sido aprovada no contexto das enchentes no Rio Grande do Sul, a nova lei também pode beneficiar, no futuro, qualquer ente federativo (estados e municípios) que passe por calamidade pública provocada por eventos climáticos. Isso ocorrerá após reconhecimento do Congresso Nacional e por meio de proposta do governo federal.

A estimativa do governo federal é que, na prática, a suspensão da dívida deve provocar alívio de R$ 11 bilhões à gestão estadual. O recurso deve ser aplicado em um fundo para ações de enfrentamento às enchentes e de reconstrução das áreas afetadas.

A proposta da suspensão da dívida

A decisão do governo federal de suspender a dívida do RS com a União por três anos foi anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no dia 13 de maio . Com isso, explicou o ministro, o valor de R$ 11 bilhões passará a ser aplicado em um fundo para a reconstrução do Estado a partir de um plano de trabalho a ser elaborado pelo governo do RS. A proposta foi encaminhada ao Congresso Nacional por meio do Projeto de Lei Complementar 85/2024.

A proposta prevê também que os juros do pagamento da dívida, que correspondem a R$ 12 bilhões no período suspenso, serão zerados. Em Regime de Recuperação Fiscal com vigência até 2030, a dívida total do Rio Grande do Sul com a União é de cerca de R$ 100 bilhões.

Ao Estadão Verifica, a economista Carla Beni, professora de MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), explicou que a medida parte do pressuposto de que o governo do RS “já tinha que ter no seu orçamento o planejamento para pagar a dívida”. Segundo explicou, com a proposta, a União está abrindo mão de receber esses valores pelo prazo de três anos. “O Rio Grande do Sul tinha que ter no seu planejamento o pagamento da dívida. No lugar de pagar a dívida, ele vai usar a verba para reconstruir o Estado”, explicou a economista.

Fontes consultadas: Para a produção deste material, foram consultados os registros de votação no site da Câmara dos Deputados, textos institucionais divulgados pela Casa e pelo Senado e reportagens publicadas na imprensa.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Comprova já fez outras publicações relacionadas às enchentes no Rio Grande do Sul, como o ‘Contextualizando’ que mostrou que caminhões com doações ao RS não são retidos por falta de nota fiscal. O projeto também mostrou que o governo atua no resgate de vítimas no RS desde o dia 30, ao contrário do que afirma mulher em vídeo publicado nas redes sociais.

Mudanças climáticas

Investigado por: 2024-05-17

Fotos de alagamento no Maranhão são antigas e não retratam atual situação do estado

  • Enganoso
Enganoso
Post utiliza imagens antigas de enchentes registradas em 2018 e 2023 no Maranhão como se fossem atuais e que não condizem com a atual situação dos alagamentos causados pela chuva no estado.

Conteúdo investigado: Post sobre desabrigados pelas chuvas no Maranhão traz quatro fotos de alagamentos.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Post viral engana ao usar imagens de outras situações para tratar dos alagamentos no Maranhão, que já fizeram 31 cidades decretarem situação de emergência em 2024. A publicação enganosa traz quatro imagens, mas apenas uma retrata as consequências das chuvas que estão inundando o estado em 2024.

A primeira foto mostra dois adultos e um adolescente navegando em uma canoa. O Comprova verificou que ela já foi utilizada pelo UOL em reportagem sobre as chuvas que atingiram o Maranhão e o Pará em março de 2023. Segundo o portal, a imagem que retrata cena em Bacabal (MA), é uma reprodução do Instagram.

As outras três imagens foram publicadas em diferentes momentos pelo G1 Maranhão. A segunda foto, um registro aéreo de uma ponte destruída pela força da água, é a única das quatro registrada em 2024. A imagem foi veiculada em uma reportagem da TV Mirante, afiliada à Rede Globo no Maranhão, e portal G1 Maranhão mostrando um trecho da BR-222 que foi cortado pela força da água.

A terceira imagem, de moradores em meio a um alagamento tentando salvar um freezer, estampa reportagem de 2018 sobre chuvas no estado maranhense. Segundo o G1, foi clicada na cidade de Tulum e o autor é Paulino Silva.

A quarta imagem, de dois garotos em uma rua alagada, é uma captura de tela de uma reportagem exibida pela TV Mirante em março de 2023, durante uma cobertura sobre as enchentes no estado.

Atual situação do Maranhão

Ao Comprova, a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil do Maranhão informou que, até esta sexta-feira (17), 31 municípios decretaram situação de emergência, segundo dados inseridos pelas prefeituras no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD), e um decretou situação de calamidade pública devido às chuvas.

No Maranhão, segundo o Governo do Estado, foram contabilizadas 3.940 famílias afetadas pelas chuvas e não há, atualmente, registro de famílias em abrigos.

Pelo X, o Comprova procurou o perfil Astronomiaum, responsável pelo post, mas não conseguiu contato, pois a conta só pode receber mensagens de perfis verificados. O Comprova fez contato também pelo Instagram do Astronomiaum e até a última atualização desta verificação não obteve resposta.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 10 de maio, a publicação teve 1,9 milhão de visualizações. Depois, ela foi apagada por seu autor.

Fontes consultadas: Buscamos por notícias de portais de notícias sobre os impactos das chuvas recentes no Maranhão. Em seguida, procuramos o Governo do Estado do Maranhão e a Secretaria Municipal de Segurança Cidadã (Semsec) do município de Barreirinhas.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Estadão Verifica também checou o post verificado aqui e a agência Lupa verificou conteúdo semelhante, que também usa imagens de outras situações para falar do Maranhão. O Comprova também acompanha a situação dos alagamentos no Rio Grande do Sul e explicou recentemente que caminhões com doações ao RS não são retidos por falta de nota fiscal e multas por excesso de peso serão anuladas.

Contextualizando

Investigado por: 2024-05-17

Post usa vídeos antigos para minimizar atuação do Exército nas enchentes no RS; autor diz que era teste de fake news

  • Contextualizando
Contextualizando
Publicação alega que o Exército Brasileiro “está na retaguarda” e não na linha de frente nos resgates às vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul. Dois vídeos utilizados no post são de anos anteriores e não de ações recentes no estado. Na quinta-feira (16), o jornalista que fez a publicação reconheceu que os vídeos eram antigos e que o objetivo da postagem era fazer um “teste de fake news” no TikTok.

Conteúdo analisado: Post afirma que Exército Brasileiro não tem atuado diretamente no resgate às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul e está na retaguarda. É feita uma comparação entre um vídeo, no qual militares passam donativos de uma mão para outra em um corredor humano, com uma gravação de voluntários na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), alegando que os militares não estariam animados, nem sendo ágeis. É apresentada ainda uma gravação com um tanque de guerra tombado e outro vídeo em que uma mulher cai no chão ao tentar descer de um caminhão do Exército.

Onde foi publicado: TikTok.

Contextualizando: Uma postagem feita no perfil de TikTok do jornalista Orestes de Andrade Jr. e que usa um recorte do programa Poder RS, apresentado por ele na Ulbra TV e exibido em 10 de maio, alega que o Exército Brasileiro “está na retaguarda” e não tem ajudado diretamente no salvamento das vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Para provar a alegação, o jornalista mostra e comenta três vídeos em que militares aparecem em situações diferentes. Dois deles, porém, são vídeos antigos e que não tratam de ações de resgate no Rio Grande do Sul.

Seis dias depois, o jornalista voltou a afirmar que os militares estão na retaguarda nas ações de resgate no estado, mas reconheceu que os vídeos apresentados no programa eram antigos e foram escolhidos por ele com o objetivo de fazer um “teste de fake news” no TikTok.

“Apesar de eu criticar o Exército, eu não posso utilizar vídeos antigos para fazer isso”, declarou. “Eu queria mostrar que é assim que nascem as fake news”, justificou.

Orestes afirmou ainda que esse foi o vídeo de maior alcance em sua conta no TikTok e que, no teste realizado por ele, identificou que poucos comentários alertavam que os vídeos utilizados na publicação eram antigos.

O “teste de fake news”

Na postagem feita por Orestes Andrade Jr. no dia 10 de maio ele diz: “Depois de eu criticar aqui o Exército por não estar na linha de frente do salvamento dos gaúchos, claro, o Exército está na retaguarda, essa é a ordem recebida pelos militares. Mas eu recebi imagens do que os militares brasileiros estão fazendo”. Na sequência, é exibida uma série de três vídeos com militares do Exército.

No primeiro vídeo, os militares aparecem passando donativos de mão em mão, de um avião até um caminhão próximo. O jornalista então critica o entusiasmo com que os militares atuam e faz uma comparação com uma gravação em que aparecem voluntários na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), também em um corredor humano, ajudando no transporte de alimentos de forma mais ágil.

“Olha a animação dos nossos militares, olha a agilidade deles, a velocidade com que eles estão fazendo, passando aqui os donativos de uma mão pra outra”, questiona Orestes.

A Agência Lupa verificou que esse vídeo é verdadeiro. O capitão Freitas, da Comunicação do Comando Militar do Sul, explicou à reportagem que o caminhão ficou distante do avião, pois se subisse no gramado, que era a pista dos aviões, poderia danificar o local de pouso das aeronaves. Ao Poder360, o Exército Brasileiro afirmou que já advertiu os militares envolvidos na ação.

Na sequência, é apresentado um segundo vídeo em que um tanque de guerra está tombado e, ao ser desvirado, acaba puxando e tombando o caminhão guincho que atuava no resgate. “Parece aquele quadro dos Trapalhões, viu, que tinha lá com o Didi, o Dedé com o Zacarias, com o Mussum”, critica o jornalista.

O Comprova já havia verificado anteriormente que o vídeo com o blindado tombado foi gravado em 2018, em uma rodovia no Mato Grosso do Sul.

O último vídeo apresentado a pedido de Orestes mostra uma mulher caindo no chão ao tentar descer da carroceria de um caminhão do Exército. Como verificado pela Reuters, essa gravação também não foi feita durante as ações de resgate no Rio Grande do Sul, mas sim em Santa Catarina, e circula nas redes sociais desde outubro de 2023.

Fontes que consultamos: Procuramos pelos vídeos no Google através da busca reversa e encontramos reportagens contextualizando desde quando as gravações circulam nas redes sociais. Também entramos em contato com o Exército e com o jornalista por meio da UlbraTV. A emissora, que é afiliada à TV Cultura, enviou o link para o programa em que o jornalista fala do “teste de fake news” feito por ele.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: As enchentes no Rio Grande do Sul se tornaram alvo de desinformação na internet. O Comprova já mostrou que a Anvisa não tem impedido o transporte de medicamentos, que não há evidências de que doações aos gaúchos tenham sido reembaladas com o selo do governo federal e que as Forças Armadas atuam no estado do Rio Grande do Sul desde o dia 30 de abril.

Mudanças climáticas

Investigado por: 2024-05-16

Deputado omite que número de mortes dito por ministro foi corrigido

  • Enganoso
Enganoso
Vídeo de deputado federal engana ao dizer que o ministro Paulo Pimenta espalha desinformação ao negar que nove pacientes de UTI em Canoas morreram por conta dos alagamentos. O post do deputado, feito em 11 de maio, mostra vídeo do momento em que o prefeito de Canoas (RS), Jairo Jorge (PSD), conta a Pimenta que nove pessoas haviam morrido. Mas essa conversa foi em 4 de maio e, no dia 5, Jorge corrigiu a informação, dizendo que haviam sido duas vítimas.

Conteúdo investigado: Vídeo do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) com a chamada “Prefeito de RS escancara mais uma fake news do ministro do Lula – Mortes na UTI”. A publicação traz trecho do programa Estúdio I, da Globonews, de 10 de maio, em que Paulo Pimenta comenta casos de desinformação relacionados à tragédia no Sul e cita alerta para a morte de 9 pacientes em UTI, informação que depois foi desmentida. Em seguida, é exibida conversa entre o prefeito de Canoas e Pimenta em que o primeiro conta que nove pacientes de UTI morreram devido aos alagamentos no Sul. O vídeo de Gayer usa também reportagem do Poder360 intitulada “Prefeito de Canoas (RS) confirma morte de 9 pacientes em UTI inundada pelas chuvas”.

Onde foi publicado: YouTube e Kwai.

Conclusão do Comprova: Gustavo Gayer engana ao dizer, em vídeo, que o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta (PT), espalhou desinformação sobre mortes em UTI decorrentes da tragédia no Rio Grande do Sul. Para chegar à conclusão enganosa, Gayer publica dois vídeos, de momentos diferentes. No primeiro, Pimenta conversa com o prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PSD), que diz que nove pacientes que estavam em UTI haviam morrido por conta dos alagamentos na cidade. No segundo, um trecho do programa Estúdio I, em 10 de maio, da Globonews, o ministro diz: “Surgiu uma fake news de que nove pessoas tinham ido a óbito em um hospital de uma cidade da região metropolitana”.

Gayer também usa reportagem do site Poder360 sobre Jairo Jorge ter confirmado, em conversa por telefone com Pimenta, a morte de nove pessoas. Esse diálogo, por telefone e filmado, ocorreu em 4 de maio e o prefeito de Canoas corrigiu o número de mortes no dia seguinte. Duas pessoas morreram, e não nove. “Tivemos, na verdade, dois óbitos. Um óbito de uma pessoa que estava em morte cerebral e que nessa transferência veio a falecer, e de uma outra pessoa que se jogou do quarto andar de um prédio e em razão das múltiplas faturas, pela gravidade da situação, nessa transposição acabou falecendo”, disse Jairo Jorge. O Poder360 publicou texto sobre a retificação no mesmo dia. Já o vídeo de Gayer é de 11 de maio, ou seja, seis dias após o número ser corrigido.

O deputado foi procurado pelo Comprova, mas não houve resposta até a publicação deste texto.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. No YouTube, até 14 de maio, o vídeo do deputado já contava com mais de 317 mil visualizações. O conteúdo replicado tem 7,5 mil curtidas, 1,3 mil comentários e 3,1 mil compartilhamentos.

Fontes que consultamos: Procuramos os vídeos originais do deputado e das declarações do ministro Paulo Pimenta, publicadas, respectivamente, em 11 e 10 de maio. Também buscamos as matérias do Poder360 e a correção feita nas redes sociais do prefeito Jairo Jorge.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: As chuvas no Rio Grande do Sul se tornaram alvo frequente de desinformação. O Comprova já mostrou que é enganoso que governos não estão atuando no resgate das vítimas e que Luciano Hang não tem mais aeronaves apoiando os trabalhos no estado do que a Força Aérea e já explicou que caminhões com doações à região não são retidos por falta de nota fiscal.

Mudanças climáticas

Investigado por: 2024-05-15

Vídeo engana ao dizer que Anvisa impede transporte de medicamentos no RS

  • Enganoso
Enganoso
Live realizada no Instagram por médico engana ao afirmar que o transporte de medicamentos feito por aviões particulares ao Rio Grande do Sul está sendo impedido devido à burocracia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que pessoas morreram por conta disso. Ao Comprova, a assessoria do médico confirmou que os medicamentos chegaram ao destino final, e disse que a frase sobre mortes de pessoas foi dita “no calor do momento”. A Anvisa emitiu comunicado no qual diz que a afirmação é falsa e publicou duas portarias que facilitam o acesso de produtos e flexibilizam receituário para remédios no estado.

Conteúdo investigado: Live no Instagram do médico Victor Sorrentino, na qual ele alega que medicamentos levados em aviões particulares ao Rio Grande do Sul estão tendo o transporte impedido no estado devido à burocracia da Anvisa.

Onde foi publicado: Instagram.

Conclusão do Comprova: São enganosas as afirmações feitas em uma live do médico Victor Sorrentino de que medicamentos transportados em aviões particulares não estão chegando às vítimas da tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul devido à burocracia por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo ele, isso estaria “matando pessoas”. Em contato com o Comprova, a equipe do médico negou que ele tenha conhecimento de mortes causadas por este motivo e confirmou que os medicamentos em questão foram enviados. 

Na live, Sorrentino cita a existência de “medicações paradas nos aeroportos” e afirma que aviões carregados de medicamentos não estavam conseguindo voar em três aeroportos por conta das regras da agência. O médico não mostra, no entanto, quais seriam os aviões barrados, nem em quais locais teriam ocorrido as retenções.“Entendemos a necessidade dessa regulação, mas não no estado em que estamos, porque senão nenhuma aeronave particular vai conseguir transportar esses medicamentos”, disse ele na live.

Na noite de quarta-feira 8, a Anvisa afirmou que as alegações eram falsas e garantiu ainda que “não efetuou qualquer restrição ao transporte de medicamentos destinados ao Rio Grande do Sul”.

No mesmo dia, a agência publicou duas Resoluções de Diretoria Colegiada (RDC) para o enfrentamento às enchentes no estado. A RDC nº 863 suspende por 90 dias os prazos processuais para pedidos de liberação de responsabilidade da Anvisa e prioriza petições que pedem o acesso a produtos estratégicos para o enfrentamento da situação de calamidade pública na região. A RDC nº 864 flexibiliza o receituário para medicamentos de uso controlado para os municípios localizados no estado.

A agência diz que essas medidas vão permitir o acesso a produtos prioritários e necessários para a manutenção e proteção da saúde da população com mais agilidade. Afirma ainda que o objetivo é facilitar o acesso aos medicamentos controlados e evitar a interrupção de tratamentos, diante da dificuldade de emissão de receitas especiais.

“Acredita-se que os agentes estavam cumprindo protocolo como se fosse um dia normal, o que [Sorrentino] entende e concorda”, escreveu a equipe do médico. Ainda segundo a assessoria, as “medicações foram enviadas”.

Perguntado sobre a afirmação de que pessoas estariam morrendo por falta de medicamentos, a equipe argumentou que o vídeo foi feito “em uma situação de apelo e de desespero”, e pediu que não fosse levado “tão ao pé da letra tudo o que foi dito no calor do momento”.

Na segunda-feira 13, o Ministério da Saúde publicou atualização sobre o estoque de medicamentos nos hospitais do Rio Grande do Sul. Segundo o comunicado do secretário de Atenção Primária à Saúde, Felipe Proenço, a pasta tem garantido o envio regular de medicamentos e vacinas para o Rio Grande do Sul.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 14 de maio, a live contabilizava mais de 13,3 milhões de visualizações.

Fontes que consultamos: Procuramos por publicações sobre possíveis retenções de medicamentos no Rio Grande do Sul e por declarações da Anvisa sobre o tema.

Médico teve registro suspenso por divulgar assunto médico com sensacionalismo

Em março de 2024, Victor Sorrentino teve o registro profissional suspenso temporariamente por violação de quatro artigos do Código de Ética Médica, após decisão do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj). Entre os artigos violados, está a divulgação de assunto médico de forma sensacionalista, promocional ou de conteúdo inverídico.

Com a determinação, o médico ficou por 30 dias impedido de exercer a medicina, até 23 de abril. O motivo do processo é mantido sob sigilo e foi originado no Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul em 2019.

O médico tem mais de 1,3 milhões de seguidores no Instagram e, além da atuação na área da saúde, se apresenta como escritor, professor e palestrante.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Estadão também verificou que a Anvisa não impediu a entrega de medicamentos enviados por médicos ao Rio Grande do Sul. Outras peças de desinformação sobre a enchente no estado também foram checadas pelo Comprova, que já mostrou ser enganosa a alegação de que o Haarp, sistema de ondas eletromagnéticas, seria o causador da chuva intensa na região, e já explicou que caminhões com doações aos gaúchos não são retidos por falta de nota fiscal.

Mudanças climáticas

Investigado por: 2024-05-15

Não há evidências de que doações ao Rio Grande do Sul tenham sido reembaladas com selo do governo federal

  • Enganoso
Enganoso
Não há evidências de que doações enviadas pela população ao Rio Grande do Sul estejam sendo reembaladas pela prefeitura de Canoas (RS) com o selo do governo federal. Os alimentos colocados em sacolas com a logomarca da gestão atual fazem parte da compra de cestas básicas feita pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Também não é verdade que um decreto permitiu que a prefeitura de Canoas se apropriasse das doações.

Conteúdos investigados: Publicação com foto de alimento alega que o prefeito de Canoas editou um decreto de apropriação de donativos e está reembalando com selo do governo federal. Por cima da imagem, a frase “as doações do povo sendo apreendidas e reembaladas como se fossem doações do PT”. Já um vídeo acusa o prefeito de Canoas de impedir o envio das doações aos abrigos e reforça que os rótulos estão sendo adulterados.

Onde foi publicado: X e TikTok.

Conclusão do Comprova: Não há evidências de que as embalagens das doações enviadas pela sociedade civil às vítimas das enchentes em Canoas, no Rio Grande do Sul, estejam sendo substituídas pela logomarca do governo federal, como afirmam publicações nas redes sociais. Os alimentos colocados em sacolas com o selo do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome fazem parte da compra de 52 mil cestas básicas pela pasta para atender desabrigados e desalojados no estado.

Ao Comprova, a prefeitura de Canoas disse que a informação que circula na internet não procede, e que não é feita nenhuma identificação da gestão municipal nos rótulos dos donativos. A administração esclareceu apenas que “algumas doações que chegam em sacolas mais frágeis são colocadas em sacos mais resistentes, todos genéricos”.

Os alimentos enviados pelo governo federal ao município são distribuídos a partir da Unidade Armazenadora da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). De lá, os kits são encaminhados para as cozinhas emergenciais montadas para atender 49 mil vítimas das enchentes. Cada cesta tem 21,5 kg de alimentos e é composta de dez itens: arroz, feijão-carioca, leite em pó integral, óleo de soja, farinha de trigo ou farinha de mandioca, macarrão, fubá de milho, açúcar cristal, sardinha em óleo e sal.

A prefeitura de Canoas também nega que esteja confiscando as doações. O decreto 174, publicado em 2 de maio, dispensa a necessidade de processos licitatórios, que podem durar até sete dias. O objetivo é facilitar a aquisição de cestas básicas, materiais de limpeza, higiene pessoal, ração, colchões, cobertores, entre outros itens.

Um dos posts investigados traz apenas uma foto de um pacote com alimentos que leva o selo do governo federal para embasar a acusação. A imagem foi publicada originalmente pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, em 11 de maio para destacar as ações do governo, como mostrou o Estadão Verifica. O outro conteúdo investigado é um vídeo, que usa a mesma foto, também sem apresentar evidências. Ambos acusam a prefeitura de confiscar as doações.

Uma das publicações também engana ao afirmar que o prefeito de Canoas é petista e que estaria reembalando as doações para simular uma ação do PT no Rio Grande do Sul. Apesar de ter sido membro do partido entre 1984 e 2016, Jairo Jorge é, desde 2020, filiado ao PSD.

O Comprova não conseguiu entrar em contato com os responsáveis pelas publicações pelos perfis no TikTok e no X, que não admitem envio de mensagens para contas que não se seguem mutuamente. Enviamos pedido de esclarecimento à responsável por uma das postagens pelo seu perfil no Instagram, mas não recebemos retorno até a publicação desta verificação.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. No X, a publicação aqui verificada somava mais de 364 mil visualizações, além de 24 mil interações até 14 de maio. No TikTok, o vídeo contabiliza quase 12 mil visualizações e mais de seis mil interações.

Fontes que consultamos: Solicitamos informações à prefeitura de Canoas e ao governo federal. Também consultamos as redes sociais oficiais de ambas as administrações e encontramos informações já esclarecidas sobre o assunto em sites oficiais.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O mesmo assunto foi verificado por Aos Fatos, Estadão Verifica e Boatos.org. O Comprova checou outras peças de desinformação relacionadas à tragédia no Rio Grande do Sul, como a de que caminhões com doações ao RS estariam sendo retidos por falta de nota fiscal e que Luciano Hang teria mais aeronaves atuando no RS do que a Força Aérea Brasileira.

Política

Investigado por: 2024-05-13

Governos atuam no resgate de vítimas no RS desde o dia 30, diferentemente do que diz vídeo

  • Enganoso
Enganoso
Não é verdade que os governos municipal, estadual e federal não estavam atuando em Canoas (RS) no dia 5 de maio, após a cidade ser atingida pela enchente, como alega vídeo publicado no TikTok. Notícias publicadas por jornais e pela prefeitura, além de gravações feitas por órgãos federais, mostram a atuação da força-tarefa organizada para resgatar as vítimas da tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul.

Conteúdo investigado: Em vídeo, mulher diz que autoridades como o presidente Lula (PT) e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), estão apenas dando declarações na televisão sem ajudar as vítimas diretamente. “Não tem uma pessoa do governo lá ajudando, é só a população”, diz.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Vídeo engana ao dizer que o presidente Lula (PT) e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) não se envolveram diretamente no resgate de vítimas da enchente em Canoas (RS) no dia 5 de maio e sugerir que os governos federal, estadual e municipal não estavam atuando no município nessa data. “Não tem uma pessoa do governo lá ajudando, é só a população”, afirma a autora do conteúdo de desinformação. “Tem pessoas, idosos no telhado, tem pessoas morrendo no hospital, tem corpos boiando e o pessoal do governo, principalmente aquele prefeito ladrão de Canoas, está fazendo nada”.

Apesar de não ter participado de operações de resgate, Lula desembarcou com Janja na Base Aérea de Canoas com a comitiva presidencial no Rio Grande do Sul, no dia 5 de maio. Enquanto o chefe do Executivo federal sobrevoou a cidade e outras regiões, a primeira-dama visitou alguns dos pontos de acolhimento disponibilizados no município e se encontrou com representantes da prefeitura e vereadores canoenses.

Além de Lula e Janja, a comitiva do governo federal que desembarcou em Canoas contou com os ministros Rui Costa (Casa Civil), José Múcio (Defesa), Fernando Haddad (Fazenda), Renan Filho (Transportes), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde), Luiz Marinho (Trabalho e Emprego), Wellington Dias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Jader Filho (Cidades), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais). Os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira; do Senado, Rodrigo Pacheco; e do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, também estiveram em solo gaúcho.

Eduardo Leite declarou no dia 4 de maio que os esforços de resgate estavam concentrados em Canoas e em outras localidades da região metropolitana e destacou, inclusive, a ajuda do governo federal e atuação do estado nas ações de salvamento. “Vinte e duas aeronaves atuam neste momento, do Exército, das Forças de Segurança do Estado e dos outros”.

No dia 5 de maio, a Brigada Militar emitiu um comunicado sobre o reforço das tropas militares para proteger os gaúchos em cidades da região metropolitana: Porto Alegre, Canoas, Vale do Rio dos Sinos, Guaíba e Eldorado.

No mesmo dia, o coronel Márcio Gonçalves, comandante do policiamento metropolitano da Brigada Militar, pediu em entrevista à Rádio Gaúcha que a população deixasse de ir com barcos e jet-skis para Canoas, porque o governo já estava desmobilizando a ajuda com embarcações, visto que o contingente na cidade já era suficiente.

Um vídeo publicado pelo UOL mostra o Exército resgatando três bebês no dia 5 de maio. Um dos resgates ocorreu na cidade de Encantado, outros dois ocorreram no telhado de uma casa ilhada em Canoas. Outra gravação, que teria sido feita no dia 4, mostra caminhões do Exército submersos nas ruas de Canoas, o que evidencia que os militares estavam no município e foram inclusive atingidos pela enchente.

A Jovem Pan News também divulgou registros da Polícia Rodoviária Federal (PRF) salvando moradores em cima dos telhados em Eldorado e Canoas. Nas imagens é possível ver um agente retirando, com muito esforço, pessoas que estavam em situação de risco. A Polícia Federal também compartilhou outros resgates feitos na região de Canoas.

No dia 4, a Prefeitura de Canoas divulgou um balanço da força-tarefa feita pelo município para retirar famílias desalojadas ou desabrigadas de áreas de risco. Na ocasião, mais de 7,5 mil pessoas estavam em 28 pontos de acolhimento da cidade. O executivo municipal divulgou também um telefone para solicitação de resgates e chave Pix para recebimento de doações.

Ao Comprova, a autora da publicação afirmou que as informações que divulgou no dia 5 de maio eram de amigos que estavam atuando nos resgates nos bairros Fátima e Mathias. Alegou anda que depois foi informada pelos amigos que um barco dos bombeiros e outros da população foram enviados a essas localidades.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 13 de maio, o vídeo tinha mais de 21,1 mil likes, 1,2 mil comentários e 785 compartilhamentos.

Fontes que consultamos: Procuramos por vídeos sobre os resgates feitos no dia 5 e por matérias sobre a atuação dos governos nas cidades, além de comunicados oficiais dos poderes.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: As chuvas no Rio Grande do Sul se tornaram alvo frequente de desinformação. O Comprova já mostrou ser enganosa a afirmação de que Luciano Hang teria mais aeronaves atuando no estado do que a Força Aérea e já explicou que caminhões com doações à região não são retidos por falta de nota fiscal.

Política

Investigado por: 2024-05-09

Post de Bolsonaro usa montagem com foto de Lula e Boulos em reportagem sobre presídios

  • Falso
Falso
Post do perfil de Jair Bolsonaro (PL) no X usa uma montagem para relacionar a imagem de Lula (PT) e Guilherme Boulos (Psol) a uma reportagem sobre número de fugas em presídios na qual eles não são citados. Reportagem do Metrópoles fala sobre dados não divulgados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e a ilustra com uma foto do Complexo Penitenciário da Papuda. A fotografia de Lula e Boulos juntos é de 2023 e foi tirada durante sanção do Programa Cozinhas Solidárias.

Conteúdo investigado: Uma publicação no perfil do X do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compartilha uma captura de tela de reportagem do portal Metrópoles intitulada “Governo coloca em sigilo números de fugas em presídios brasileiros”. Na imagem aparece uma foto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP). Na legenda, Bolsonaro escreve: “O maior mentiroso da história do Brasil em sua rotina diária”e “Claro, que esse sigilo é apenas mais uma cabulosa coincidência!”.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: A imagem publicada por Jair Bolsonaro é uma montagem que utiliza a captura de tela de uma reportagem do portal Metrópoles intitulada “Governo coloca em sigilo números de fugas em presídios brasileiros” e uma fotografia de Lula com Guilherme Boulos. Essa, no entanto, não é a foto original publicada pelo site.

A reportagem do Metrópoles, publicada no domingo, 5 de maio, utiliza uma foto do Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal. Por meio da ferramenta WayBack Machine, é possível ver que a foto utilizada pelo portal para ilustrar a reportagem é a mesma desde a publicação.

Já a foto que aparece no post de Bolsonaro foi tirada em julho de 2023, na cerimônia de sanção do Programa Cozinhas Solidárias e publicada por Boulos nas redes sociais. Nem o deputado, nem Lula, são citados na reportagem. Também é possível notar que na imagem postada por Bolsonaro, não aparece no canto superior direito o crédito de autoria da foto, algo que é padrão nas publicações do Metrópoles.

Outra evidência de manipulação é que na imagem publicada pelo ex-presidente da República não aparecem os botões de compartilhamento em redes sociais (WhatsApp, Facebook, X e Telegram) que são utilizados normalmente pelo Metrópoles e que aparecem na página original.

| Imagem publicada por Bolsonaro em postagem no X (à esquerda) e captura de tela da matéria feita pelo Comprova em 9 de maio. A imagem usada por Bolsonaro sobrepõe a foto de Boulos e Lula a elementos fixos das páginas do Metrópoles, como os botões para compartilhamento em redes sociais e o crédito da autoria da foto.

Na legenda do tuíte, Bolsonaro diz: “O maior mentiroso da história do Brasil em sua rotina diária. Claro, que esse sigilo é apenas mais uma cabulosa coincidência!”. A reportagem do Metrópoles aponta que o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) classificou dados sobre fugas de presídios no Brasil como de “caráter reservado”. A afirmação foi dada em resposta a um pedido da reportagem via Lei de Acesso à Informação (LAI).

Semestralmente, a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) divulga relatórios do Sistema de Informações do Departamento Penitenciário Nacional (Sisdepen). As publicações compilam dados fornecidos por meio de formulário pelas Secretarias de Administração Prisional de todos os Estados e DF e pelo Sistema Penitenciário Federal. No entanto, apesar de pedir números de fugas no formulário, a Senappen não divulga esses dados. Ao Metrópoles, o MJSP afirmou que as informações sobre fugas são classificadas como reservadas há 10 anos e que, portanto, o sigilo não foi colocado pela gestão atual.

A assessoria do ex-presidente Jair Bolsonaro foi procurada pelo Comprova, mas não houve retorno.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 8 de maio, o post no X tinha 1,2 milhão de visualizações, 44 mil curtidas, 10 mil compartilhamentos e 2 mil comentários.

Fontes que consultamos: Procuramos pela publicação original do site Metrópoles. Por meio da ferramenta WayBack Machine, foi possível recuperar versões anteriores e checar se a foto de Lula e Boulos havia sido utilizada na matéria. Encontramos a foto utilizada por Bolsonaro nas redes sociais do deputado Guilherme Boulos, publicada em julho de 2023, data em que o atual presidente sancionou o Programa Cozinhas Solidárias. Também consultamos a redação do site Metrópoles, que é membro do Comprova, e procuramos a assessoria do ex-presidente Jair Bolsonaro para tentar identificar a origem da montagem.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Boatos de que Lula teria vetado projeto que proíbe “saidinhas” de presídios e de que presos teriam acordo com o presidente foram checados pela Agência Lupa. Também é enganoso que o ministro Ricardo Lewandowski tenha feito acordo com o Comando Vermelho para encontrar fugitivos de Mossoró, como mostrou a AFP. O Comprova mostrou ainda ser enganosa publicação que diz que todos os juízes que condenaram Lula foram afastados de seus cargos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Contextualizando

Investigado por: 2024-05-08

Caminhões com doações ao RS não são retidos por falta de nota fiscal e multas por excesso de peso serão anuladas; entenda os casos

  • Contextualizando
Contextualizando
Caminhões com doações destinadas às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul que passaram por postos da ANTT não ficaram retidos, como alegam publicações. A agência confirmou que seis veículos foram autuados por excesso de peso, mas que as multas não terão validade. O governo federal também publicou regras de flexibilização para facilitar a entrega dos kits, dispensando, por exemplo, o processo de pesagem em rodovias federais. Além disso, o governo gaúcho esclareceu que não estão sendo exigidas notas fiscais das doações, diferentemente do que foi dito em vídeos.

Conteúdo analisado: Postagens afirmam que caminhões carregados com donativos destinados às vítimas dos alagamentos Rio Grande do Sul foram barrados durante fiscalização do poder público.

Onde foi publicado: TikTok e YouTube.

Contextualizando: Posts nas redes sociais geraram desinformação ao afirmar que veículos com doações aos afetados pelas chuvas no Rio Grande do Sul foram barrados por agentes públicos. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) confirmou que seis veículos de carga com donativos foram parados e autuados durante uma fiscalização no posto de Araranguá, em Santa Catarina, em 6 de maio, mas que foram situações isoladas e que as multas aplicadas nessas ocasiões por excesso de peso serão anuladas. Desde o dia 4 de maio, o trecho recebeu 7.928 veículos, e nenhum ficou retido.

Em um vídeo publicado na tarde de quarta-feira, 8 de maio, o diretor-geral da ANTT, Rafael Vitale, disse que as equipes trabalham para facilitar a entrega das doações e melhorar o fluxo logístico nas áreas mais afetadas pelas chuvas. Na mesma gravação, ele reforçou a publicação de uma portaria com flexibilizações regulatórias para atender as peculiaridades do estado de calamidade pública. Uma das medidas dispensa veículos de carga dos procedimentos de fiscalização nos postos de pesagem em todas as rodovias federais concedidas.

As novas regras foram divulgadas após a circulação de informações enganosas sobre caminhões que estariam sendo barrados nas rodovias do Sul do país. Diversas gravações têm acusado autoridades de exigir nota fiscal das doações. A informação foi desmentida pelo próprio Executivo gaúcho e pela Receita Federal. Doações são isentas de impostos conforme decreto estadual de 1997.

Um dos vídeos que circulam nas redes sociais mostra um caminhão da empresa Bread King parado em um posto de pesagem no município de Torres (RS). Sem mostrar o rosto, um homem diz que foi exigido o comprovante fiscal após ser constatado o excesso de peso em 500 kg. Em nota, publicada na terça-feira, 7 de maio, a empresa esclareceu que o veículo seguiu até o destino final após a pesagem realizada na noite do dia 6 de maio, e que o motorista não recebeu qualquer notificação ou autuação.

Outro caso que ganhou fôlego na internet surgiu após a exibição, na noite de terça-feira 7, de uma reportagem do SBT com falas de um motorista que disse ter sido multado ao transportar donativos. Horas depois de a reportagem ir ao ar, a ANTT divulgou uma nota na qual afirmava que os caminhões não estavam sendo retidos. No dia 8, a ANTT divulgou o vídeo de seu diretor-geral, no qual reconhece que seis caminhões com doações acabaram sendo multados. No mesmo dia, o SBT se pronunciou em nota e afirmou que a “equipe de reportagem constatou embaraços oficiais ao trânsito de caminhões com doações para o Rio Grande do Sul, e assim retratou os fatos, até mesmo como forma de alerta às autoridades”.

O imbróglio teve repercussão no espectro político e passou a ser usado em ataques à gestão federal e estadual no combate aos efeitos das enchentes. O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), chegou a publicar um vídeo acompanhado de um funcionário da Defesa Civil para criticar a ANTT. Já o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, pediu a abertura de inquérito para investigar influenciadores que disseminaram informações enganosas sobre a crise.

Em outra frente, o governo do Rio Grande do Sul também desmentiu a alegação de que autoridades estariam solicitando a habilitação de pilotos de barcos e jetskis usados em ações de salvamento, o que foi reiterado pela Brigada Militar. “Todos os esforços da corporação estão sendo destinados a salvar vidas e toda ajuda é bem-vinda”, divulgou o órgão. “Não estamos verificando nenhum tipo de autorização para pilotar uma embarcação ou até um veículo”, afirmou o subcomandante geral da Brigada Militar, coronel Douglas Soares, em vídeo.

Informações oficiais sobre doações podem ser vistas no canal criado pelo governo gaúcho.

Fontes que consultamos: Consultamos as redes sociais oficiais da ANTT, do governo do Rio Grande do Sul, do governo federal e também o site usado para divulgar informações sobre as campanhas realizadas no estado durante as enchentes.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O mesmo assunto foi checado por outros veículos, incluindo Estadão Verifica e Agência Lupa. A imprensa também repercutiu a resposta do governo gaúcho ao coach Pablo Marçal, que divulgou informações falsas a respeito das doações enviadas ao estado.

Mudanças climáticas

Investigado por: 2024-05-08

Haarp, sistema de ondas eletromagnéticas, não manipula o clima

  • Enganoso
Enganoso
É enganoso post segundo o qual um programa criado pela Universidade de Alaska Fairbanks nos anos 1990 para estudar ondas na atmosfera esteja sendo utilizado para manipular o clima, gerando situações como granizo em um deserto da Arábia Saudita e as chuvas fortes no Rio Grande do Sul. Os cientistas que participam do projeto negam, no site, que o sistema tenha qualquer interferência no clima. Além disso, não é incomum cair granizo no país árabe.

Conteúdo investigado: Um post com vídeo e a legenda “Haarp – A manipulação do clima está cada vez mais evidente. Por exemplo: Granizo no deserto saudita parece normal para você?” e “clima em muitas partes do mundo está sendo manipulado, por homens que brincam de ‘ser Deus’!”. Outro post afirma que “estão usando o Haarp no RS”.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Não há nenhuma evidência de que o clima possa ser manipulado pelo Haarp, sigla para “High-frequency Active Auroral Research Program”, ou Programa de Pesquisa Ativa de Alta Frequência de Auroras, em português. O projeto foi criado pela Universidade de Alaska Fairbanks nos anos 1990 para estudar ondas na ionosfera –camada atmosférica cuja altura pode variar de 50 a mil quilômetros acima da superfície terrestre.

Para isso, os cientistas usam um conjunto de antenas para emitir ondas eletromagnéticas a essas distâncias e observar como elas se comportam, segundo a página do Haarp no site da universidade. A ionosfera é onde a radiação do Sol perde ou ganha elétrons, no processo chamado de ionização. Essas partículas podem refletir ondas de rádio e sinais de GPS, por exemplo.

“O sistema do Haarp é basicamente um grande transmissor de rádio. As ondas de rádio reagem às correntes elétricas, e não interagem de maneira significativa com a troposfera [camada atmosférica que produz o clima terrestre]”, diz a página do projeto. “Como não há interação, não tem como controlar o clima.”

Os integrantes do Haarp explicam ainda que o Sol emite várias ondas que chegam à ionosfera, e que, se esses raios não influenciam as condições climáticas, não há nenhuma chance de que as antenas da universidade consigam fazer isso.

Além disso, não é incomum que haja granizo ou neve na Arábia Saudita, diferentemente do que afirma um dos posts virais. O próprio site oficial de turismo do país diz que o evento acontece com relativa frequência, principalmente nas montanhas da região norte, e oferece passeios de camelo pelos locais. Foram encontrados diversos registros dessas condições climáticas pelo país em meios de comunicação sauditas, como o estatal Al Arabiya nos dias 28 e 30 de abril.

O post enganoso cita granizo na legenda, mas o mesmo vídeo foi publicado pelo site de notícias marroquino Alyaoum24 como sendo neve o que aparece nas imagens. Ainda segundo o veículo, a gravação foi feita na região de Taif, na Arábia Saudita.

Tampouco o Haarp é o causador da tragédia que vem assolando o Rio Grande do Sul, como sugere um post segundo o qual estão usando o sistema no estado. Entre os comentários, teve quem escreveu “gente, querem destruir o Sul” e “eles estão preparando mais desastres ‘naturais’”.

Como informou a Folha, “projeções elaboradas há anos previam exatamente um aumento das chuvas extremas e inundações na região com o avanço do aquecimento global”. E a seção Comprova Explica já mostrou que é consenso científico que a ação humana causa mudanças climáticas, como a da tragédia no Sul.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 8 de maio, a publicação sobre granizo no deserto tinha 417,6 mil visualizações e 5 mil curtidas. Já o post sobre as nuvens no Rio Grande do Sul havia sido visualizado mais de 2 milhões de vezes e curtido 8 mil vezes até a data.

Fontes que consultamos: Fizemos buscas reversas no Google das imagens do vídeo, e verificamos em veículos de imprensa que não é incomum que haja granizo e neve no país. Por fim, entramos na página do Haarp e verificamos que o projeto é alvo de conspirações desde a sua criação. Em 2022, por exemplo, o programa foi acusado, sem nenhum fundamento, de mandar chuvas para sabotar acampamentos favoráveis ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em frente a quartéis.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova passou a verificar conteúdos relacionados a mudanças climáticas neste ano. As publicações mais recentes concluíram ser falso que alimentos com ‘selo da rã’ sejam sintéticos e produzidos por Bill Gates e que a Suécia abandonou metas de desenvolvimento sustentável. O projeto também trouxe detalhes, na seção Comprova Explica, de por que é consenso científico que ação humana causa mudanças climáticas.